lunes, 15 de agosto de 2011

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Indígenas ameaçam estrada da OAS na Bolívia   

Fabio Murakawa 


A construção de uma rodovia na Bolívia, com financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), colocou líderes indígenas bolivianos em pé de guerra com o presidente Evo Morales e com a construtora brasileira OAS. 
A estrada, que ligará os Departamentos (províncias) de Cochabamba e Santa Cruz, terá 306 km e começou a ser aberta no último dia 3 de junho.  A obra está estimada em US$ 415 milhões, dos quais US$ 322 milhões veem de financiamento do banco brasileiro. O foco da tensão é o trecho 2 da estrada, com 177 km de extensão e que atravessa o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), uma reserva de 1,091 milhão de hectares onde vivem entre 10 mil e 12 mil nativos dos povos moxeño, yurakaré e chimane.Após semanas de um debate acalorado com o governo, os líderes indígenas locais decidiram na sexta-feira não permitir que a estrada corte o seu território, colocando em risco a execução da obra financiada pelo Brasil. "Nós realizamos um encontro, uma assembleia, e a decisão foi negar a passagem do trecho 2 da estrada porque ele atenta contra a integridade do parque", disse ao Valor Adolfo Moye, presidente da Subcentral Tipnis, que representa as 64 comunidades indígenas do território.  "Foi um "não" rotundo e inegociável.  Não vamos aceitar." Além do impacto ambiental sobre suas terras, Moye disse que a rodovia vai estimular a chegada de "colonizadores e a proliferação do cultivo da coca na região".  Ele afirmou ainda que a obra despertará o interesse de empresários pela exploração de madeira e hidrocarbonetos - cuja existência não é comprovada por nenhum estudo, segundo fontes - dentro da reserva.  E criticou o governo brasileiro e a construtora. "Essa estrada não leva em conta o valor cultural e social das comunidades nem o serviço que se presta ao mundo ao preservar o ambiente.  Há hidrocarbonetos [na reserva], e a segunda parte do projeto é explorá-los", disse Moye.  "O Brasil e a OAS estão pondo em risco a existência de comunidades em nome do desenvolvimento econômico e empresarial." Dos três trechos previstos para a estrada, o 2 é o único que ainda não começou a ser construído.  Questionado sobre o tema por jornalistas locais na semana passada, o embaixador do Brasil em La Paz, Marcel Biato, explicou que os recursos do BNDES para esse trecho somente serão liberados depois da conclusão dos estudos de impacto socioambiental, um pré-requisito do banco. A declaração técnica do embaixador, no entanto, serviu para esquentar o debate.  Alguns meios locais chegaram a noticiar que o Brasil havia "congelado" o desembolso de recursos para a obra.  A notícia gerou um mal-estar no governo boliviano e irritou Evo Morales.  "Sim, ainda falta fazer consulta [estudo de impacto ambiental] para o segundo [trecho da obra], mas isso não é uma atribuição do governo do Brasil, e sim uma responsabilidade do governo nacional", disse Morales em entrevista coletiva. O presidente chegou a chamar os opositores da obra de "inimigos da pátria".  E sugeriu que os líderes cocaleiros conquistassem as mulheres indígenas da região para que seus povos aceitassem a construção da rodovia, o que provocou a ira de feministas no país. A construção da estrada expõe conflitos internos na Bolívia, mas também divide opiniões dentro do governo brasileiro, segundo apurou o Valor. Uma corrente a vê como uma obra fundamental para a integração do país vizinho, que permitirá escoar a produção agropecuária entre Beni e Cochabamba e levará desenvolvimento econômico à região.  Outra parte acredita que o financiamento do BNDES não deveria ter sido aprovado antes de um consenso entre governo e índios. "Teremos problemas, qualquer que seja a posição que tomemos", disse ao Valor uma fonte do governo familiarizada com o tema.  "Se o BNDES não liberar o financiamento, a relação entre Evo Morales e o Brasil vai estremecer.  Se liberar do jeito que está, o Brasil será lembrado como um espoliador por décadas.  É a crônica de um problema anunciado." Além disso, há temor, tanto por parte dos índios quanto de setores no Brasil, quanto à proliferação indiscriminada do plantio de coca na região.  A plantação de coca já avança em vastas áreas dentro do parque, o que preocupa os indígenas.  Teme-se ainda que seja criada, com a rodovia, uma nova rota para o tráfico de cocaína, cujo principal destino seria o Brasil. Segundo o BNDES, ainda não foi feita nenhuma liberação de recursos para a rodovia, que liga as cidades de San Ignacio de Moxos (Beni) e Villa Tunari (Cochabamba).  Isso porque as obras recém começaram, e o dinheiro é liberado de acordo com a execução dos trabalhos.  Mas os contratos para os trechos 1 e 3 já estão assinados, o que ainda não ocorreu em relação ao trecho 2. Com 177 km de extensão, o trecho 2 responde por cerca de 40% do valor total da rodovia.  O início das obras está previsto para agosto de 2012, disse ao Valor Augusto César Uzêda, diretor-superintendente da área internacional da OAS.  Ele afirmou que a estrada deverá ser concluída em 2014. Uzêda disse que ainda não há um traçado definitivo para o trecho da rodovia que corta o parque, o que está sendo discutido entre o governo local e os indígenas.  "Hoje se busca um traçado que atenda às necessidades da população e que tenha o menor impacto ambiental possível", afirmou, acrescentando que a OAS não participa dessa discussão. Diferentes fontes do governo brasileiro estimam que um eventual desvio na estrada acrescentaria de US$ 60 milhões a US$ 250 milhões ao valor total da obra, exigindo, inclusive, mais dinheiro do BNDES.  Mas, para ser viável, a estrada precisa atravessar a reserva. A construção da rodovia é fruto de um acordo entre o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, em seu segundo mantato, e Evo Morales.  Em 2009, o projeto foi alvo de uma investigação da Controladoria-Geral da Bolívia por suspeita de superfaturamento e favorecimento.  A OAS foi a única empresa a participar da licitação da obra, realizada em 2008. 
Link: http://www.valoronline.com.br/

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